O envelhecimento saudável é um tema que tem ganhado visibilidade em uma sociedade que vive cada vez mais e busca que o aumento da longevidade seja acompanhado por qualidade de vida. No Brasil, as pessoas com mais de 65 anos representam 10,9% da população, o que corresponde a 22,2 milhões de pessoas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A alimentação é apontada por especialistas como um dos fatores centrais para o processo sadio de envelhecimento, e a suplementação pode ser uma aliada importante nesse percurso, como o uso de creatina, magnésio e ômega 3.
Segundo a pesquisa científica “Suplementação de creatina em idosos para a manutenção da massa muscular”, publicada na Revista Acervo, o uso do suplemento por pessoas da terceira idade pode influenciar na melhora da composição corporal e na redução do risco de quedas e fraturas ósseas. Além dos fatores físicos, os benefícios da creatina incluem melhorias na cognição. É importante ressaltar que o uso é individual e deve ser analisado conforme a necessidade de cada pessoa.
O magnésio é responsável pela manutenção óssea, normalização da pressão arterial e do açúcar no sangue e pelo alívio de dores, como câimbras. Além disso, também promove a liberação de hormônios e neurotransmissores, o que influencia diretamente na saúde mental. De acordo com a Associação Brasileira de Química (ABQ), 80% da população mundial não apresentam níveis satisfatórios de magnésio, sendo necessária a suplementação.
O magnésio dimalato apresenta boa receptividade por parte do intestino delgado. Em geral, é indicado o uso diário, mas a recomendação deve ser feita por profissional da saúde para uma prescrição personalizada.
Já o ômega 3 ajuda a regular o colesterol, reduzir processos inflamatórios e preservar o sistema imunológico. Por isso, é considerado um aliado na prevenção de doenças cardiovasculares e crônico-degenerativas.
Envelhecimento da população demanda cuidados
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), até 2025, o Brasil deve se consolidar como o sexto país com maior número de idosos no mundo. O estudo “Fatores que afetam o consumo alimentar e a nutrição do idoso”, publicado pela Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, afirma que, apesar do envelhecimento ser um processo natural, pode vir acompanhado de mudanças funcionais no organismo.
As modificações demandam atenção especial e cuidados redobrados para a manutenção da qualidade de vida. A pesquisa mostra, ainda, que a suplementação pode ser uma alternativa eficaz para o envelhecimento saudável, quando feita de maneira correta.
Segundo o Ministério da Saúde, viver com saúde, qualidade, liberdade e facilidade, com a possibilidade de aproveitar melhor a vida depois dos 60 anos, é um direito que faz parte do exercício da cidadania.
Para isso, destaca a alimentação como um dos pilares para o processo. A prevenção também é uma bandeira sublinhada pelo órgão. Ou seja, é importante que os cuidados em relação à saúde sejam feitos mesmo que não exista um quadro patológico avançado.
Brasileiros recorrem mais à suplementação
Os suplementos alimentares se popularizaram. A busca da complementação da dieta a fim de melhorar fatores como desempenho, disposição, deficiências vitamínicas, além do bem-estar e da saúde tem sido mais comum entre a população de todas as idades.
Segundo dados coletados pela Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres (ABIAD), em 2023, o consumo dos suplementos registrou aumento de 8,1% em comparação com o ano anterior. As informações mostram, também, que em 59% dos lares brasileiros há, pelo menos, uma pessoa consumidora de suplementos.
A popularização dos suplementos reflete as mudanças de comportamento e cuidados com a saúde a fim de corrigir uma realidade alarmante. Dados do IBGE apontam que a carência de nutrientes na população brasileira é um sinal de alerta vermelho: 98% das pessoas não ingerem a quantidade adequada.
Em entrevista à imprensa, a nutricionista integrante da equipe de Nutrição Preventiva do Hospital do Coração, em São Paulo, Camila Garcia, explicou que a suplementação consegue suprir a carência de nutrientes que estejam em falta no organismo. Entre os benefícios da suplementação estão a melhoria do funcionamento de órgãos como coração, fígado, rins e músculos.
Entretanto, a especialista ressalta que é imprescindível manter uma alimentação equilibrada. Isso porque os suplementos não têm a função de substituir os nutrientes alimentares, mas sim complementá-los para atingir a dosagem correta.
Ela lembra, ainda, que existe uma dosagem indicada para cada nutriente no organismo, e sua ingestão em excesso pode gerar um efeito contrário, acarretando sobrecargas e problemas de saúde. Por isso, a recomendação é o acompanhamento médico de maneira regular.
Repor proteína é fundamental para saúde óssea e muscular
Suplementação e nutrição na terceira idade possuem algumas especificidades. A pesquisa “Fatores que afetam o consumo alimentar e a nutrição do idoso”, publicada na Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, informa as razões para que a ingestão alimentar do idoso passe por uma redução gradativa.
Com o passar do tempo, quadros como perda de apetite, mudança nos sentidos do paladar e olfato, saúde oral em mau estado e saciedade precoce podem afetar a alimentação adequada, dificultando o alcance do nível ideal de nutrientes para o corpo.
Além das alterações do próprio organismo, há outros motivos que podem provocar a deficiência vitamínica, como o uso de medicamentos específicos e fatores psicossociais.
Dentre as alterações e perdas que o organismo sofre com o passar dos anos está o envelhecimento do sistema imunológico, o que acarreta em uma maior vulnerabilidade às infecções, cânceres e outros tipos de doenças.
Outra mudança significativa que ocorre com o passar dos anos é a perda de massa muscular, que pode configurar um quadro clínico chamado Sarcopenia. Tal déficit está relacionado à baixa de nutriente e absorção de proteínas, sendo necessária a suplementação.
Diferentes pesquisas mostram que, quando o idoso apresenta um quadro de perda abrupta de massa muscular e não faz o tratamento adequado, há maior probabilidade de quedas, lesões e fraturas.